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A relação e influência dos governos com a IoT

Tempo estimado de leitura: 08:48 minutos

Carros que andam sozinhos, geladeiras inteligentes, sistemas de compras automáticas, televisões e luzes que acendem por comando de voz. A IoT revolucionou a forma como o homem se relaciona com o mundo e inaugurou um caminho sem volta.

Segundo a consultoria McKinsey, até 2025 a IoT deve gerar em todo o mundo receitas entre U$ 3,9 trilhões e US$ 11,1 trilhões, contribuindo com até 11% do PIB global. Acha isso muito futurista? Pode até parecer algo distante, mas na verdade já estamos vivendo isso na realidade. 

Graças à expansão do acesso à internet, mais de 60% de toda a população mundial estará online em 2023, quando teremos cerca de 5,3 bilhões de usuários da rede, de acordo com a Cisco.

E assim, com mais pessoas acessando à internet e o aumento do uso de dispositivos inteligentes cresce também o interesse do governo em utilizar tecnologia para otimizar serviços públicos e atender à população de forma mais assertiva e eficiente.

Desde a automação da irrigação de colheitas para acelerar a produção agrícola até o monitoramento e prevenção contra o câncer, a IoT tem sido amplamente fomentada e usada pelo governo de diversos países como Estados Unidos, Coreia do Sul, Dinamarca, Suíça Japão, Reino Unido e também no Brasil. 

Fonte: O futuro das coisas

Apenas em 2020, no mundo todo quase US$ 15 bilhões serão gastos por instituições públicas na aquisição de dispositivos equipados com Internet das Coisas, segundo o Gartner. A China continental, por exemplo, é o país que mais utiliza IoT para monitorar seus cidadãos, e será responsável por 48% dos gastos mundiais com eletrônicos e comunicações em 2020. Já a Internet das Coisas aplicada às áreas de indústria, inovação e infraestrutura, cidades, energia limpa, saúde e bem-estar e produção e consumo responsáveis integram a maior fatia de projetos em andamento no país, segundo o World Economic Forum.

Outros países devem investir em drones que darão suporte à operação de bombeiros e da polícia. Segundo o Gartner esses dispositivos devem crescer de 1 para cada 58 mil habitantes em 2019 para 1 a cada 18 mil habitantes em 2021. 

Nesse sentido, há uma grande oportunidade de crescimento para fornecedores e prestadores de serviço e profissionais qualificados como engenheiros, instaladores, técnicos em manutenção e gerenciamento de projetos, plataformas, desenvolvedores de aplicativos, startups e software houses.

Fonte: BNDES

As competências tecnológicas mais procuradas para o desenvolvimento das iniciativas em IoT no Brasil nos próximos serão aquelas aplicadas aos dispositivos que utilizam tecnologia de armazenamento de energia, sensores, módulos de geolocalização, smart tags e outros, à conectividade (redes cabeadas, de celular, mesh, etc), ao suporte e aplicação (Analytics, banco de dados, visão computacional, etc) e à segurança da informação, como sistemas de criptografia embarcada, blockchain, controle de acesso aos dispositivos, etc.

Fonte: https://www.nlt.com.br/iot

Quais são as oportunidades para desenvolvimento de IoT no Brasil

Segundo o McKinsey Global, até 40% de todo o potencial de geração de riqueza a partir de IoT deve vir de países emergentes como o Brasil. Por aqui a estimativa é que o impacto econômico anual em 2025 chegue a até 200 bilhões de dólares.

Em 2019 o governo brasileiro criou um Plano Nacional de Internet das Coisas (decreto 9.854/2019). O plano, que já era muito aguardado, parte de princípios como melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, gerar mais empregos, aumentar a produtividade, fomentar a competitividade de empresas brasileiras e estabelecer parcerias entre governo e empresas privadas e oferece oportunidades para empresas e startups nas áreas de mobilidade urbana, eficiência energética, inovação no ambiente, segurança pública, saúde, agropecuária e indústria. 

O BNDES, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) e a Câmara IoT mapearam 75 iniciativas que visam acelerar a implantação da Internet das Coisas no Brasil para as verticais mencionadas anteriormente.

Todas as ações do Plano serão monitoradas e apoiadas pela Câmara de Gestão e Acompanhamento do Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação Máquina a Máquina e Internet das Coisas.

Cidades

  1. Melhorar o deslocamento e a mobilidade urbana

Uma das grandes oportunidades é para startups e fornecedores que utilizam IoT para melhorar a mobilidade dos grandes centros urbanos. Hoje o governo tem grandes dificuldades em facilitar o deslocamento dos cidadãos para que possam ter melhor acesso à cidade. Por isso há oportunidades para soluções que consigam aumentar as modalidades de transporte e tornar o transporte coletivo mais atraente.

  1. Usar monitoramento para tornar as cidades mais seguras

Um dos pilotos em IoT aplicado às cidades é o de adaptação do sistema de videomonitoramento na cidade de Campinas, interior de São Paulo por meio de câmeras inteligentes e sistemas de visão computacional que transmitem imagens para a nuvem por meio de rede celular. Assim será possível identificar ameaças à segurança pública e placas de veículos furtados, por exemplo. A operação-piloto já foi aprovada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

  1. Garantir mais eficiência energética e saneamento

Outra oportunidade é para soluções que utilizem IoT para reduzir desperdício de energia nas cidades brasileiras. Por meio da tecnologia, o IoT permite que gestores públicos façam o controle mais efetivo da qualidade do serviço prestado, monitorando facilmente interrupções de serviço, qualidade das lâmpadas e o nível de uso energético.

Saúde

  1. Combater e prevenir doenças crônicas

Por meio de soluções de IoT também se espera melhorar a efetividade dos tratamentos de pessoas com doenças crônicas. Usando tecnologia de monitoramento contínuo de pacientes, como marcapassos inteligentes, monitores contínuos de glicose, entre outros wearables é possível acessar rapidamente o histórico médico, garantindo diagnósticos mais assertivos e apoiando ações preventivas eficientes.

  1. Promover e prevenir epidemias

Prevenir situações de risco e controlar o surgimento de epidemias e de doenças infecto-contagiosas é outra oportunidade que as soluções de IoT poderão abraçar. Soluções de combate ao COVID-19 por meio da automação e IoT, por exemplo, devem ser o salto que o setor precisa para atrair investimentos.

  1. Eficiência de gestão no SUS

O governo espera também aumentar a eficiência dos hospitais do SUS e unidades de atenção primária de saúde através da adoção de soluções IoT. Um passo já dado é o Conecte SUS, programa do Governo Federal que facilita a troca de informação entre os estabelecimentos de saúde nos diversos pontos da Rede de Atenção à Saúde através da disseminação de um conjunto mínimo de dados usando plataforma em nuvem, Inteligência Artificial (IA), Analytics, Big Data, Internet das Coisas (IoT) e outras tecnologias.

Rural

  1. Uso eficiente de recursos naturais e insumos

Por meio de soluções de IoT o governo espera também aumentar a produtividade e qualidade da produção rural brasileira pelo uso de dados, incentivando a interação entre multinacionais produtoras de insumos básicos e startups de agronegócio e empresas de hardware.

  1. Uso eficiente maquinário

Ainda no setor rural, o uso de recursos de IoT como sensores e drones, combinados às plataformas de inteligência analítica e cognitiva podem trazer ganhos significativos na performance e eficiência de maquinários agrícolas. Apenas para o setor da agricultura, a inteligência de BI prevê que o número de instalações de dispositivos de IoT chegue em 75 milhões em 2020.

  1. Segurança sanitária

O uso de IoT aplicado à segurança sanitária visa aumentar o volume de informações e sua precisão no monitoramento de ativos biológicos. O plano de ação estima que a adoção de tecnologias pode levar a um aumento de produtividade de até 25% nas fazendas brasileiras até 2025 e diminuir até 20% no uso de pesticidas e fertilizantes artificiais.

Indústria

  1. Criar recursos e processos industriais mais eficientes

No setor industrial, o soluções de IoT podem tornar os processos industriais mais eficientes e flexíveis para a gestão de operações, aprimorando diagnósticos de produção, ajudando a controlar máquinas, monitorar consumo de energia e de estoque e aperfeiçoando soluções de segurança do trabalho.

  1. Bens de capital

Os principais desafios para promover o desenvolvimento de novos equipamentos, produtos e modelos de negócios que incorporem soluções de IoT são incrementar o uso de ativos, diminuir o tempo de inatividade das máquinas, aperfeiçoar o desenho da nova geração de ativos, fazer a manutenção preditiva que gerem insights baseado em dados e reduzir os cursos de manutenção.

  1. Estoque e cadeia de fornecimento

Por fim, o setor industrial espera que soluções de IoT consigam promover a integração e cooperação nas cadeias de fornecedores de bens, componentes, serviços e insumos. Os desafios se concentram em reduzir o excesso de estoque (otimizando-o em tempo real) para diminuir capital imobilizado e melhorar a integração entre diferentes elos da cadeia de fornecimento.

Desoneração de impostos

De acordo com o entendimento do governo, soluções de IoT não devem recolher o Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), taxa cobrada que custava R$ 5,68 e R$ 1,89 anuais. O projeto de lei que pretende estabelecer essa isenção tem apoio da Anatel e parte do governo e ainda está em tramitação na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Se aprovado, em cinco anos, essa isenção vai gerar R$ 11,4 milhões (ao invés dos 4 milhões atuais) ao país.

O futuro conectado vem aí

Seja com PoCs (prova de conceito), projetos-piloto ou iniciativas já em produção, a internet das coisas vem ganhando espaço na América Latina. No Brasil, já são 35% das empresas que contam com algum uso da tecnologia, enquanto na América Latina são 24%.

Com tantas empresas e startups investindo em inovação e mão de obra qualificada para atuarem e aproveitarem a Internet das Coisas como atividade lucrativa é de vital importância para o governo dialogar com estes setores para que consiga colocar em prática o Plano Nacional de Internet das Coisas. No mundo todo, governos e entidades privadas que encontraram caminhos em comum tiveram resultados brilhantes tanto para avançarem no bem-estar da população, quanto na expansão da economia e do mercado de consumo. É um ganha-ganha que o Brasil pode estar prestes a desfrutar.